Estado Policial ou Estado Social? Da Desigualdade Radical à Exigência de Uma Ética da Alteridade
As formas mais evidentes de violência fazem crescer no cidadão médio um desejo cada vez maior de investimento policial. O próprio Estado apresenta os gastos com segurança pública como inevitáveis. Mas nem sempre se expressa a necessidade de gastos com investimentos sociais. O incremento maior na proteção policial do que na proteção social que marcou a história do Brasil até o fim do século XX, oculta um problema de ordem ética: o não reconhecimento do outro econômica e socialmente desfavorecido. Manteve-se durante décadas uma estrutura sócio-econômica que tornou a pobreza um dado estrutural, gerando uma desigualdade radical. No centro desta desigualdade, estão os excluídos do direito a ter direitos, ou na linguagem de Agambem, o homo sacer. Daí a necessidade de compatibilizar a proteção policial e a proteção social a partir de uma ética da alteridade que reconheça a dignidade do outro.