Fórum Justiça

[Moradia] Construção do VLT em Fortaleza: a busca do equilíbrio

07/11/2011

Compartilhe!

Construção do VLT em Fortaleza: a busca do equilíbrio

“A comunidade tem o direito de conhecer o projeto com antecedência e opinar, até mesmo elaborando um projeto alternativo”

04.11.2011| 01:30

É claro que aprimorar a mobilidade urbana e dotar a cidade de mais um instrumento de transporte, no caso o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), é muito bom. É também evidente que uma grande obra não traz só bônus, traz ônus também. O desafio é diminuir as perdas e aumentar os ganhos, equilibrando o direito ao desenvolvimento e o direito à moradia (diferente de habitação).

Como, então, construir o VLT evitando, ou no mínimo diminuindo, o número de reassentamentos e sem remoções? É possível ou é sonho e utopia? É possível, e o primeiro passo é desconstituir duas ideias: a) todas as moradias atingidas são “irregulares” e b) só tem direito quem é proprietário, como se a posse também não fosse protegida (aliás, mais merece proteção do Estado quem mais está em condição de vulnerabilidade).

O direito à moradia é direito humano garantido nacional e internacionalmente que deve ser assegurado independentemente da propriedade e da regularização do imóvel e é bem diferente de direito à habitação. Moradia envolve direito à vizinhança, acesso a escola e hospitais, infraestrutura, transporte e renda (imagine, por exemplo, um prestador de serviços que a clientela esteja na vizinhança e que o reassentamento implique alteração não só na casa, mas na renda) e segurança da posse.

É preciso que todos estes aspectos sejam analisados no planejamento de uma grande obra. A comunidade – algumas com mais de 20, 30 anos ou mais – tem o direito de conhecer o projeto com antecedência e opinar, até mesmo elaborando um projeto alternativo que seja realmente analisado (é esta participação popular, inclusive, o verdadeiro propósito da audiência pública no procedimento do EIA-Rima). É algo que exige um pouco mais de trabalho, mas que oferece resultados muito positivos, além de dar aos cearenses a oportunidade de ser protagonistas de uma bela construção democrática.

Outro ponto muitas vezes ignorado e que precisa ser levado em conta é que mesmo que se tratasse de moradia “irregular”, ninguém escolheria “morar irregular” voluntariamente. Ademais, antes de se tratar de remoção ou reassentamento (principalmente diante do fato que a licença definitiva ainda não saiu), é preciso verificar: a) possibilidades de (re) adaptação do projeto para manter maior número de famílias e b) existência de Zona Especial de Interesse Social (Zeis) ou terrenos vazios próximos, entre outras alternativas de manter a comunidade o mais próximo possível da sua atual realidade. Se não pudermos fazer um novo começo, que façamos um novo final, como nos ensina Chico Xavier. Ainda há tempo.

Amélia Rocha – Defensora Pública do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas e colunista do O POVO

http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/11/04/noticiaopiniaojornal,2328364/construcao-do-vlt-em-fortaleza-a-busca-do-equilibrio.shtml

Download Premium WordPress Themes Free
Premium WordPress Themes Download
Download WordPress Themes
Free Download WordPress Themes
udemy course download free
download huawei firmware
Download WordPress Themes Free
free online course